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CNJ, Conselho Nacional de Justiça, Constituição, Ministério Público da União, Poder Judiciário, Procurador-Geral da República, Roberto Gurgel, Senado, Vladimir Aras, voto secreto
O Conselho Nacional de Justiça é composto por 15 membros, dos quais dois são representantes do Ministério Público: um do Ministério Público da União (MPU), outro do Ministério Público dos Estados. Os mandatos são de dois anos, renováveis uma só vez (artigo 103-B, caput, da Constituição).
Em 15 de agosto de 2011, após indicação do Procurador-Geral da República para representar o MPU, aprovação na Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ) e no Plenário do Senado Federal, fui nomeado pela Presidente da República e empossado no CNJ. Meu mandato termina em 14 de agosto de 2013, segundo a forma como o calcula o Conselho.
Fui indicado à recondução, em 2013, pelo Procurador-Geral da República, a quem compete fazer a indicação (artigo 103-B, inciso X, da Constituição). Em 9 de julho de 2013, fui aprovado novamente pela CCJ do Senado.
Em 7 de agosto de 2013, minha recondução para o Conselho foi rejeitada pelo Plenário do Senado, onde tive 38 votos favoráveis, 21 contrários e uma abstenção. Seria necessário obter 41 votos favoráveis, que é a maioria absoluta do Senado, composto por 81 membros.
Em julho de 2013, outro membro do Ministério Público Federal, o Procurador da República Vladimir Aras, também teve seu nome rejeitado pelo Plenário do Senado. Sua indicação para o Conselho Nacional do Ministério Público havia sido aprovada pela CCJ.
Até o dia da votação no Plenário, vários senadores com quem falei não antecipavam nenhum movimento de recusa à minha indicação. Só no início das votações de candidatos aos Conselhos, tive a informação de que alguns senadores estariam atuando para derrubar a indicação. A imprensa atribuiu esse movimento ao Senador Fernando Collor. Não sei se é verdade.
Senadores que me apoiavam disseram, no Plenário, saber de um movimento, mas trabalhavam para neutralizá-lo e estavam otimistas. Vários senadores, como Humberto Costa, Armando Monteiro e Jarbas Vasconcelos, de Pernambuco, e Pedro Taques, do Mato Grosso, procuraram fazer ver que não havia motivo consistente para recusar a indicação.
Não consta que senador algum tenha afirmado nada em relação à minha pessoa, à minha reputação ou a meu trabalho no Conselho Nacional de Justiça. Por isso, não parece ter havido rejeição à indicação por falta de requisitos de capacitação, idoneidade ou trajetória profissional do indicado. Nada do trabalho desenvolvido no CNJ nesses dois anos foi considerado.
Não é possível saber quais senadores votaram a favor nem contra as indicações, pois a Constituição prevê, nesses casos, voto secreto (artigo 52, inciso III). Seria caso de refletir sobre a necessidade de essa espécie de votação ser secreta. A votação secreta nesses e em muitos outros casos, em situação de normalidade democrática como a que vivemos, não mais parece necessária para proteger o parlamentar e, além disso, impede que a população conheça melhor a atuação de seus representantes.
Na mesma sessão, foram aprovadas, sem dificuldade, outras indicações para o CNJ e para o CNMP. As circunstâncias dão credibilidade à análise de jornalistas e de senadores de que a minha rejeição e a do colega Vladimir Aras podem ter-se baseado na vontade de retaliar o Ministério Público Federal e o Procurador-Geral da República Roberto Gurgel. Se for assim, não terá sido pelos erros do MPF, mas pelos acertos, como tem dito o Procurador-Geral da República.
Esforcei-me para honrar a sociedade e a representação do Ministério Público da União no Conselho e torço para que o CNJ continue a realizar seu relevantíssimo trabalho, que tem sido fundamental para reformar o Poder Judiciário brasileiro.
Uma pena! Como cidadão, sinto muito que alguns senadores não tenham aprovado sua recondução. O mais preocupante, ao meu ver, são as possíveis razões que levaram a esse resultado. Tendo em conta sua história profissional, vejo essa notícia com certo grau de pessimismo.
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Obrigado pelo apoio, Fabiano. O que me preocupa é justamente a possibilidade de que a rejeição não se tenha dado por faltarem requisitos à indicação ou pela reputação do indicado ser desfavorável, mas por ter sido inspirada por interesses não republicanos.
A vida segue. Depois das férias, estarei com energia redobrada no Ministério Público Federal.
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Lamentável. Fiquei muito triste ontem à noite, quando soube. E a votação foi secreta, então sequer sabemos quem são os responsáveis pelo resultado, que, assim, escapam de dar explicações sobre seu voto. O CNJ perde um grande nome e o Senado perde um pouco mais de sua credibilidade,
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Muito obrigado, Cláudia. A vida segue em frente. Vamos continuar a tentar fazer nossa parte, é só o que podemos conseguir.
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O Senhor é um exemplo de atuação no CNJ. Desde o início do seu mandato no CNJ pautou por uma visão dialógica e democrática, conclamando a sociedade para participar das decisões do CNJ. Ridículo que alguns Senadores hajam dessa forma. Trata-se de um ato anti-republicano. Noutro giro, mostra que o MPF está no caminho certo e almejado pelos cidadãos. Tenho certeza que dias melhores virão e poderemos ver, novamente, V. Exa. contribuir com o brilhantismo que lhe é peculiar no CNJ e o ilustre Vladimir Aras no CNMP. Perde a comunidade jurídica e os cidadãos com essa atitude mesquinha de alguns Senadores. Para os que rejeitaram o seu nome e do Vladimir fica a lembrança de Eça de Queiroz “políticos e fraldas devem ser trocados de tempos em tempos pelo mesmo motivo”. Grande abraço e minha solidariedade.
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Muito obrigado, Hendrikus, pelas palavras generosas. Seu estímulo ajuda muito a seguir no caminho certo.
Grande abraço.
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Faço absoluta questão de registrar, como advogado, um testemunho da seriedade, do rigor técnico e do compromisso com os valores republicanos que são os móveis do Procurador Wellington Saraiva enquanto Conselheiro do CNJ desde o ano de 2011. Conheço-o, inclusive, como vizinho. Convivemos pouco, mas o pouco que convivemos me autoriza a falar bem dele, afinal, aí estão as redes sociais e este Blog a não me deixarem dizer outra coisa. Wellington é um jurista extremamente preparado, e, como tal, merecedor do que já conquistou profissionalmente. Podemos aqui e ali, eventualmente, discordar, mas o respeito um pelo outro estou certo de que jamais sofrerá abalos. A rejeição de sua recondução por parte do Senado, faltando três votos para isso, é uma das páginas mais tristes de um Legislativo que se notabilizou por um noticiário ladeira abaixo em matéria de decoro e de ética, muito disso por culpa do próprio cidadão eleitor, que em muitas partes ainda não aprendeu que o voto não tem preço, mas tem consequências. Fico, ainda, com a nítida impressão de que os Srs. Senadores que votaram contra a recondução do Dr. Wellington não foram capazes de assimilar as lições dos recentes movimentos populares que tomaram as ruas das nossas cidades, cobrando, dentre outras coisas, um combate implacável à corrupção, ao toma-lá-dá-cá, ao fisiologismo, à promiscuidade na vida pública, à infidelidade partidária como modismo permanente. Isto denota algo gravíssimo, a dessintonia do Parlamento com a sociedade. Em 2014 teremos todos a oportunidade de modificar esse quadro, ainda que permaneçamos longe do ideal. E é aí, na verdadeira “reforma política” que brota do voto consciente, que eu deposito a minha confiança do desabrochar de um novo tempo e de um novo País. Wellington, novamente, minha solidariedade a você.
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Agradeço também a você, Gustavo, pelas gentis palavras de estímulo, ao tempo em que concordo com a necessidade de que as instituições se aperfeiçoem. Isso passa, necessariamente, pela consciência do eleitor, que deve votar com critério. É de lamentar que a rejeição possa ter-se dado por motivação não republicana. No mais, há sempre novos desafios a enfrentar.
Grande abraço.
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Fato lamentável! Parece mesmo que nossa capital federal está muito distante dos anseios vindos da rua por um país melhor e mais justo. Só me resta parabenizá-lo pelo trabalho feito em benefício da justiça.
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Agradeço muito o apoio, André.
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Lamentável. Passei a acompanhar a atuação do senhor aqui e no twitter e, com está notícia, fiquei muito triste. Assim como a rejeição do professor Vladimir Aras (daqui da Bahia).
Não tenho dúvidas que tais rejeições se tratam de retaliações contra o MP brasileiro.
O pior é que eles continuam com votações secretas e rejeitam sem motivação. Assim como no Judiciário, os atos do Congresso Nacional deveriam ter a necessária motivação, justamente para não criar vazão às escolhas casuísticas, como é o feito do “nosso” Congresso.
Infelizmente, neste país os acertos são duramente reprimidos. Todavia, não baixemos a cabeça e vamos continuar contra a corrupção e improbidade da maior parte dessa classe política que está aí. Digo maior parte, pois ainda existem pessoas de moral e ética lá, assim como “ainda há juízes em berlim!”.
Abraço
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Agradeço muito o apoio, Carlos César. De fato, a votação secreta nesses casos, em situação de normalidade democrática como a que vivemos, não mais parece necessária para proteger o parlamentar e impede que a população conheça melhor a atuação de seus representantes.
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Isso tem que acabar Wellington, indicação do MP e da OAB tem que ser pelos seus componentes…apenas em casos raríssimos deveria haver uma intervenção do senado ou do congresso nesses procedimentos….mas infelizmente estamos longe disso.
Cleodon Fonseca.
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Agradeço muito o apoio, Cleodon.
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Ler o noticiário político está cada vez mais difícil.
É uma obrigação de quem quer se manter informado e por isto o leitor se vê arrastado a ter que digerir o amargo fel do patrimonialismo e do toma-lá-dá-cá em q
Toda a minha solidariedade, Wellington.
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corrigindo:
em que se transformou a política nacional.
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Agradeço muito o apoio, Rômulo.
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Wellington, lamentável esse capítulo de nossa política, mas as represálias advém da excelente condução que deu a seu mandato como Conselheiro. Fico honrado de ter estado na PRR5 e ter acompanhado o seu trabalho e espero que este sentimento só reforce sua determinação para continuar desempenhando suas funções junto ao MPF.
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Agradeço muito o apoio, Dogival. Cabeça erguida, vamos em frente, que outras batalhas aguardam logo ali na esquina.
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Fico triste em ver uma atitude dessa do senado, o CNJ perde muito e a sociedade também, uma pessoa competente e honesta temos que valorizar sempre !!
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Agradeço muito o apoio, Moisarley. Continuamos a luta no MPF!
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Incrível e lamentável mesmo. Não sou da área jurídica, mas conheço e admiro suas posições nos mais variados assuntos, seu perfil atuante e vibrante no exercício de suas funções. Saber que tais características estarão, agora, novamente a serviço do MPF serve como consolo.
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Agradeço muito o apoio e a gentileza, Paulo.
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Dou meu testemunho sobre a seriedade, equilíbrio e competência do Conselheiro Wellington Saraiva, com quem tive a honra de trabalhar no CNJ. Lamentável episódio!
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Caro Francisco, agradeço a gentileza. Você foi um Secretário Geral de habilidade, dedicação e comprometimento impecáveis, dignos da importância do Conselho Nacional de Justiça e à altura da confiança do Ministro Ayres Britto. Saudade daqueles meses breves, mas intensos, como dizia ele.
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A caravana passa e os cães ladram…continue na sua luta, a história é a mãe da justiça. Os seus detratores serão vingados pela história. O trabalho de um homem diz o que ele é. O resto é só detalhe.
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Muito obrigado pelo apoio e pelas palavras corretas, Arivaldo. Penso exatamente como você, ainda que com ressalva quanto à justiça e à retribuição que o tempo dariam aos desonestos. Sou cético quanto a isso, o que não me impede de prosseguir tentando agir certo e na medida do que me é possível. Afinal, é tudo o que podemos fazer.
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Dr. Wellington, do jeito que as coisas estão sendo conduzidas nesse país, a rejeição de seu nome é sinal de mérito, honestidade e seriedade. No Brasil, quem tem que ficar sai; quem tem que sair, fica. Abraço e avante!
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Muito obrigado pelo apoio, Belize. Nós do MP sabemos que há muito trabalho a fazer. As batalhas seguem em outros campos. Abração.
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Completamente absurdo, ultrajante.. Por mais que acontecimentos como esse sejam comuns em nosso país, confesso que não ainda não consigo entender como os representantes do povo conseguem de cara lavada militar diariamente contra os que os elegeram. Sejam qual forem as explicações para esse triste fenômeno, o fato é que os competentes e bem intencionados acabam inevitavelmente excluídos dos centros de poder, só não mais pela existência do bendito concurso público.
Fui estagiária do Dr. Wellington e acredito que seu comprometimento e ética admiráveis devem ter causado desconforto e estranhamento para muitos senadores que infelizmente desconhecem o real alcance dessas palavras.
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Muito obrigado pelo apoio, Ana Carolina. A vida segue, e há muito trabalho a fazer no Ministério Público Federal. Vamos a ele!
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Dr., parabéns pelos trabalhos realizados no âmbito do CNJ nesses dois anos. Acredito que, para o sr., tenha sido válida a experiência tanto do ponto de vista profissional quanto na sua formação como ser humano. Quanto à rejeição apertada (frise-se), vejo como um exemplo concreto dos vários que existem de indignação com o “status quo” pela sociedade brasileira. Necessário que nós, como cidadãos, nos mobilizemos ainda mais para que ocorram as reformas políticas pretendidas no país. Penso que o Estado Democrático de Direito emergido brilhantemente da era ditatorial encontra-se em uma nova fase na qual se fazem necessárias mudanças em vista de novos paradigmas. A título de exemplo, vejo que a Lei de Acesso e Transparência é uma conquista dessa nova era. Nesse mesmo sentido, a votação secreta pelos parlamentares também merece sofrer uma reavaliação. Forte abraço.
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Muito obrigado pelo apoio, Marcos. De fato, a experiência no CNJ foi riquíssima e dela guardo muitas boas lembranças. No mais, concordo totalmente com você.
Grande abraço.
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O voto aberto é essencial para que a sociedade saiba qual a posição dos senadores. Com certeza, a rejeição foi política com objetivo de atingir o Procurador-Geral. Ou seja, alguns senadores prejudicam o País a fim de satisfazer interesses pessoais.
O Senhor pode estar certo que muitos dos que lhe fizeram o mal vão acabar presos e condenados também pela História, como sabotadores da verdadeira democracia e da cidadania.
Parabéns pela sua atuação Dr Wellington Saraiva!
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Carlos, obrigado pelo estímulo. Se achar que o blog poderá ajudar outras pessoas, peço que o divulgue.
Se usar o Twitter, convido você a acompanhar-me lá, onde também procuro discutir temas interessantes de Direito e outras matérias.
Twitter: @WSarai
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